Parte do declínio, segundo especialistas, veio de fatores que devem ser revertidos até o final do ano.
O Produto Interno Bruto norte-americano, que mede a produção de bens e serviços no país, caiu inesperadamente: 1,4% no primeiro trimestre, em medida anualizada, segundo dados do Departamento de Comércio, liberados nesta quinta-feira (28).
O movimento marca uma reversão abrupta na economia dos Estados Unidos (EUA), que sai de seu melhor desempenho desde 1984, no qual cresceu a um ritmo de 5,7%. A taxa de crescimento negativa é bem menor do que a estimativa moderada do Dow Jones, que previu um ganho de 1% para a economia no trimestre.
Apesar do número decepcionante, os mercados não balançaram muito. Parte do declínio do PIB, segundo especialistas, veio de fatores que provavelmente se reverterão no final do ano - o que aumenta as esperanças de que os EUA consigam evitar uma recessão.
"Em retrospecto, isso pode ser visto como um relatório crucial", afirmou Simona Mocuta, economista-chefe da State Street Global Advisors, ao site americano CNBC. "Isso nos lembra da realidade de que o crescimento foi ótimo, mas as coisas estão mudando e não serão tão boas daqui para frente", afirmou.
Retrospecto do PIB americano
O PIB dos EUA vem de um ganho de 6,9% no fechamento do ano passado, mas diversos fatores atuaram contra o crescimento durante os primeiros três meses de 2022, como aumento das infecções pela variante ômicron da covid-19, aumento da inflação e a invasão da Rússia à Ucrânia.
Como consequência, os preços aumentaram acentuadamente durante o primeiro trimestre, com o deflator do índice de preços do PIB subindo 8%, após um salto de 7,1% no quarto trimestre.
Houve retração de 8,5% nos gastos com defesa, o que derrubou um terço de ponto percentual na leitura final do PIB. Já os gastos do consumidor mantiveram-se razoavelmente bem, subindo 2,7%.
Um crescente déficit comercial também ajudou a reduzir em 3,2 pontos percentuais o crescimento norte-americano, com as importações superando as exportações.
"Isso é barulho; não sinal. A economia não está entrando em recessão", escreveu Ian Shepherdson, economista-chefe da Pantheon Macroeconomics. Para ele, o comércio líquido foi prejudicado por um aumento nas importações que não pode persistir por muito mais tempo.
Segundo o especialista, as importações no devido tempo "cairão completamente", com o comércio líquido impulsionando o crescimento do PIB no segundo e terceiro trimestres.
Embora economistas ainda esperem que os EUA evitem uma recessão total, os riscos estão aumentando: o Goldman Sachs vê cerca de 35% de chance de crescimento negativo daqui a um ano. Em uma previsão atípica em Wall Street, o Deutsche Bank afirmou ver a chance de uma "recessão significativa" no final de 2023 e início de 2024.
Segundo os especialistas, sustentar o crescimento econômico norte-americano em 2022 exigirá uma flexibilização nas cadeias de suprimentos e uma resolução na guerra entre Rússia e Ucrânia.
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