Decisão do Copom sobre a taxa Selic está gerando diferentes expectativas; veja as principais apostas.
Nesta quarta-feira, 2, será anunciada a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa Selic, a taxa de juros praticada no Brasil. O conjunto de dados - inflação em queda, melhora no PIB e rating do país - segue favorável para que se inicie o ciclo de cortes nos juros. Mas afinal, ele vai ocorrer já? E se sim, será de quanto?
O que dizem os analistas?
A resposta não é fácil de cravar, mas, segundo a avaliação da XP Investimentos, a redução inicial deve ser de 0,25 ponto porcentual, levando o juro a 13,50%, em decisão dividida. "Entendemos que a divisão entre um corte inicial de 0,25 ponto porcentual e 0,50 ponto porcentual que se observa no mercado também aparecerá nos votos dos membros do Copom", escreve a XP. "Entendemos que pelo menos um diretor votará por um corte de 0,50 ponto."
A XP reitera, no entanto, sua projeção de um corte de 0,25 ponto A corretora defende que esse porcentual é mais provável por ser consistente com a sinalização recente de "cautela e parcimônia" do Copom, com as expectativas de inflação ainda acima das metas e com a incerteza acerca do grau de desaceleração da demanda interna. Ela também cita que as medidas de aumento de arrecadação ainda não se mostraram suficientes para equilibrar o déficit público.
"Entendemos que na reunião de setembro o comitê terá mais elementos para calibrar o ritmo de redução de juros, com mais confiança de que a inflação convergirá à meta", emenda. "Em nosso cenário, o ritmo acelera para 0,50 ponto e se mantém nas reuniões seguintes."
Os cálculos da XP indicam que, mantidas as condições atuais, o Copom poderia reduzir a taxa Selic em pelo menos 3 pontos nos próximos meses. "Este espaço é dado pela melhora das perspectivas para a inflação gerada pela deflação global de custos, inflação corrente menos pressionada e inversão da tendência de deterioração das expectativas para o IPCA", diz. "Diante deste espaço, parece seguro um ciclo de cortes de 0,50 ponto ou mesmo de 0,75 ponto."
O cenário base da XP é de Selic em 12% no fim de 2023. A corretora prevê uma sequência de seis cortes de 0,50 ponto a partir de setembro, mas pondera que eles poderiam se transformar em quatro de 0,75 ponto a depender da evolução dos dados econômicos, especialmente a inflação e o câmbio.
Para 2024, porém, o viés expansionista da política fiscal, a inflação de serviços resiliente e as expectativas acima da meta tendem a limitar a extensão do ciclo, afirma. "Nosso cenário base contempla a taxa Selic em 10,50% em 2024, acima do consenso de mercado. Com as informações atuais, acreditamos que juros muito abaixo deste patamar não levam à convergência da inflação à meta - recém confirmada pelo Conselho Monetário Nacional em 3,0%."
O relatório é assinado pelo economista-chefe da XP, Caio Megale, e os economistas da casa Rodolfo Margato e Alexandre Maluf.
O que diz o governo federal?
O vice-presidente Geraldo Alckmin reforçou, nesta segunda-feira, 31, o coro por um corte de 0,5 ponto porcentual da taxa básica de juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta semana. Após participar, em São Paulo, da abertura de um fórum sobre investimentos entre Brasil e Arábia Saudita, Alckmin disse a jornalistas que as reformas em curso, necessárias para o País crescer com menos pressões inflacionárias, abrem espaço a um corte inicial forte da Selic.
"Entendemos que tem todas as condições para ter uma redução forte da taxa Selic. Acho que o Brasil está vivendo um bom momento e fazendo as reformas" declarou o vice-presidente. Segundo ele, o arcabouço fiscal ajuda a reduzir os juros ao estabilizar a dívida, apesar da avaliação de economistas de que o endividamento público seguirá aumentando, mesmo com o novo limite às despesas.
E você, acredita em uma queda da taxa de juros na quarta-feira?