Veja o que diz o relatório da Unctad divulgado nesta quarta-feira, 4.
A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês) projeta que o crescimento mundial deverá diminuir de 3% em 2022 para 2,4% em 2023, se encontrando com a definição de uma "recessão" global. As projeções estão no relatório "Comércio e Desenvolvimento", divulgado nesta quarta-feira, 4.
Olhando para os Estados Unidos, o crescimento projetado é de 2,0%, uma revisão de 1,1 ponto porcentual para cima em relação ao relatório anterior. Para 2024, o avanço da atividade econômica deverá ser de 1,9%. A Unctad também defende que um pouso suave na economia americana ainda parece possível, o que indicaria que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) está perto de alcançar seu nível mais baixo, junto com uma desaceleração da inflação e aumento do desemprego.
O avanço econômico da zona do euro para 2023, entretanto, deverá ser de 0,4%, ante 0,7% projetado na última publicação, com forte aumento da energia, persistente inflação dos preços dos alimentos e exercendo pressão sobre o consumo. Entretanto, "a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de aumentar as taxas de juro até o fim de setembro lançou uma sombra sobre as perspectivas para o quarto trimestre, aumentando o risco de levar a zona euro a uma recessão". Já para 2024, a economia deve crescer 1,2%.
Já a projeção para o avanço econômico do Japão aumentou de 1,6% para 2,3% em 2023, mas com previsão de desaceleração para avanço de 0,9% em 2024. Segundo a Unctad, em 2023, "a procura externa continuou forte, enquanto a inflação moderada e um acordo nacional sobre o crescimento salarial revigoraram a procura dos consumidores. Por outro lado, a orientação contracionista da política orçamental continuou".
Países emergentes
A Unctad prevê que o crescimento da China deverá ser de 4,6%, uma redução de 0,2 ponto porcentual em relação à última projeção. A instituição prevê que o avanço do país em 2024 deverá ser de 4,8%.
"A relativa fraqueza do setor privado em gerar crescimento aponta para o desafio atual de estabelecer um mercado interno mais profundo, o que deixou a China mais dependente hoje da expansão fiscal do que era há uma década. A fraqueza da procura do setor privado na China é uma fonte de incerteza para as perspectivas econômicas globais", avalia a Unctad.Também entre emergentes, a Argentina deverá encolher 2,4% em 2023, uma projeção 1,9 ponto porcentual maior que a previsão anterior. Para 2024, a previsão é de queda de 0,6%. "A Argentina está passando por uma recessão e uma inflação acelerada", avalia a instituição. "A política fiscal tornou-se contracionista porque a inflação elevada corrói os gastos reais mais rapidamente do que corrói as receitas fiscais, mas o aperto fiscal induzido não foi suficiente para controlar a inflação".
Ainda, o México deverá crescer 3,2% em 2023, seguido de um avanço de 2,1% em 2024. Já a alta econômica da América Latina deve ser de 2,3% e de 1,8%, respectivamente.
A Unctad aumentou drasticamente a previsão para o crescimento econômico do Brasil este ano, em meio aos efeitos de uma colheita agrícola forte e do avanço firme das exportações. No relatório, a instituição informou que projeta expansão de 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2023, 2,4 pontos porcentuais acima da estimativa divulgada em abril.
A expectativa da Unctad, no entanto, é de que o avanço da atividade no País desacelere para 2,3% em 2024. Segundo a entidade, o movimento reflete uma série de fatores, entre eles os efeitos defasados do aperto monetário e o aumento nos níveis de dívida privada.
"A significativa expansão fiscal em 2023 deverá compensar essas forças recessivas, mas o impulso fiscal para 2024, embora ainda sujeito a negociações políticas, deverá tornar-se negativo", avalia a entidade.