Aquecimento global, ainda que menor do que o estimado, pode trazer consequências em breve.
O mundo volta suas atenções para acordos internacionais de cooperação que tentam implantar medidas para frear as emissões de gases tóxicos na atmosfera e, por consequência, o aumento da temperatura do planeta. Com as dificuldades para atingir as metas globais, o aquecimento, ainda que menor do que o estimado, deve trazer consequências em breve. Neste cenário, como o Brasil fica? Estamos preparados?
Com o risco de eventos climáticos afetando a produção no campo, cresce a preocupação com a agricultura, responsável por boa parte do PIB nacional: atualmente, cerca de 30%, segundo levantamento realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
O tema foi discutido por especialistas em um painel realizado durante o ANBIMA Summit, um congresso de Fundos de Investimento realizado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) no final de 2021.
No painel, Denise Pavarina, vice-presidente da Força-Tarefa de Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD) - organização especializada em riscos financeiros decorrentes das mudanças climáticas -, alertou que, no Brasil, o nível de informações prestadas pelos setores de produção ao mercado ainda são menores que o necessário. Segundo ela, as empresas precisam se preparar para prestar informações sobre risco atual e futuro ao mercado.
Apesar de uma determinação recente do Banco Central (BC) para que bancos publiquem esses dados, segundo levantamento do TCFD, somente 19 empresas emitem de maneira recorrente relatórios com esses dados no Brasil.
Maria Netto, especialista em finanças do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), afirmou que empresas, investidores e bancos precisam integrar os riscos climáticos em sua análise financeira e de carteiras. Segundo a consultora, o mercado de títulos verdes e sustentáveis cresceu US$ 30 bilhões de dólares durante a pandemia. E nesse sentido, companhias que se importam com ESG saem na frente.
Para Ronaldo Seroa, pesquisador da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), o Brasil precisa aumentar seus compromissos ambientais para ganhar com a comercialização de títulos verdes. O especialista afirmou que o país tem muito a oferecer, desde que invista na transição de energia e no controle do desmatamento - meta ousada assumida pelos representantes brasileiros durante a COP26, também realizada em 2021.