Recentemente, a Ford divulgou um prejuízo de US$ 2,5 bilhões na sua divisão de veículos elétricos durante o primeiro semestre.
Nessa semana, a montadora anunciou um atraso de cerca de 18 meses no lançamento de uma nova picape elétrica de grande porte, com previsão de chegada ao mercado em 2027. Além disso, a Ford decidiu não avançar com o desenvolvimento de um SUV elétrico de três fileiras de assentos.
A fim de reduzir os prejuízos significativos com a tecnologia elétrica, a empresa está reavaliando seu orçamento. Entre as novidades, estão os planos para uma van elétrica de entregas em 2026 e uma nova picape elétrica de médio porte prevista para 2027.
Segundo John Lawler, diretor financeiro da Ford, as dinâmicas do mercado global estão em constante mudança. Durante uma teleconferência, Lawler afirmou: "Precisamos garantir que esses veículos sejam lucrativos, e, caso não sejam, teremos que fazer ajustes difíceis." A partir de agora, os investimentos em veículos elétricos representarão cerca de 30% do orçamento de capital da Ford, uma redução significativa em relação aos 40% anteriormente planejados.
Essas mudanças indicam que o progresso da Ford no mercado de veículos elétricos enfrenta desafios. A empresa ainda não conseguiu produzir veículos elétricos a preços acessíveis para o consumidor em larga escala.
O ritmo de crescimento das vendas de veículos elétricos nos Estados Unidos e na Europa caiu drasticamente, forçando montadoras como Tesla e outras a reduzir seus preços. A Ford, que havia relatado um prejuízo de US$ 2,5 bilhões em sua divisão elétrica no primeiro semestre, ainda assim conseguiu lucrar US$ 3,2 bilhões no total.
Nos primeiros seis meses do ano, foram vendidos aproximadamente 600 mil veículos elétricos nos Estados Unidos, representando um crescimento de 7% em relação ao mesmo período do ano anterior. No entanto, esse ritmo de crescimento é significativamente menor comparado ao aumento de 46% registrado em 2023.
Por conta dos preços elevados e dificuldades no carregamento, muitos consumidores estão reconsiderando a compra de veículos elétricos. Como alternativa, uma parte desses consumidores optou por modelos híbridos, que combinam motores elétricos e a combustão, cujas vendas aumentaram nos últimos meses.
Dificuldades semelhantes também são enfrentadas por outras montadoras. A Volkswagen, por exemplo, formou recentemente uma parceria com a startup Rivian na tentativa de acelerar o desenvolvimento de modelos elétricos e reduzir custos. Apesar disso, as vendas de veículos elétricos da Volkswagen nos EUA caíram 28% no primeiro semestre deste ano, com menos de 12 mil unidades vendidas.
De forma semelhante à Ford, a General Motors (GM) também tem reavaliado seus projetos relacionados a fábricas de baterias e adiado o lançamento de alguns modelos elétricos. Apesar das perdas financeiras com seus veículos elétricos, a GM espera que esses modelos se tornem rentáveis até o final do ano.
A Ford, que anteriormente vislumbrava a capacidade de fabricar até 2 milhões de veículos elétricos por ano até 2026, já revisou essa meta no ano passado. Atualmente, a montadora oferece três modelos elétricos nos Estados Unidos: a picape F-150 Lightning, o SUV Mustang Mach-E e a van E-Transit.
Em relação à infraestrutura de baterias, a Ford está com três fábricas em construção: uma em Kentucky, uma no Tennessee e outra em Michigan. A planta de Kentucky deve iniciar a produção no próximo ano, embora a Ford tenha suspendido a construção de uma quarta fábrica que estava planejada para o estado.
A planta no Tennessee fornecerá pacotes de baterias para uma nova van elétrica de entregas, que será montada em Ohio em 2026, além de fornecer baterias para uma nova picape elétrica de grande porte em desenvolvimento. Esse modelo será construído em uma nova instalação que está sendo erguida ao lado da fábrica de baterias no Tennessee.
Um projeto paralelo na Califórnia está focado no desenvolvimento de uma picape de médio porte mais acessível. Em vez de investir em um SUV elétrico de grande porte, a Ford agora planeja lançar um modelo híbrido com três fileiras de assentos.
Em resumo, a Ford está ajustando suas estratégias no mercado de veículos elétricos, enfrentando desafios financeiros significativos e reavaliando suas metas ambiciosas. Com a desaceleração nas vendas e a competitividade crescente, a montadora optou por uma abordagem mais cautelosa, focando em modelos híbridos e adiando o lançamento de novas versões totalmente elétricas. Esses movimentos refletem a necessidade de equilibrar inovação com lucratividade em um mercado em constante evolução.