Resultado vem acima do esperado
Os números sugerem uma persistente fortaleza do mercado de trabalho americano, mesmo diante dos desafios impostos por juros mais elevados. Essa dinâmica pode corroborar a postura do Federal Reserve (Fed) de manter uma abordagem cautelosa quanto à redução das taxas de juros. Notavelmente, os aumentos mais significativos no emprego foram observados nos setores de saúde, construção civil e serviços públicos. Adicionalmente, o relatório apontou um aumento de 0,3% nos salários médios em março, comparado a fevereiro, sucedendo um avanço de 0,2% no mês anterior, o que reflete outro aspecto importante do vigor do mercado de trabalho.
Antes do anúncio, os futuros de Wall Street já apresentavam uma tendência de alta, que foi mantida após a divulgação dos dados. Por volta das 9h40, horário de Brasília, o futuro do Nasdaq registrava um aumento de 0,38%, e o do S&P 500, uma elevação de 0,34%.
O relatório sobre a folha de pagamento foi publicado após informações divulgadas no dia anterior (4) indicarem um crescimento nos pedidos de auxílio-desemprego na última semana, atingindo o maior patamar desde janeiro. Esse aumento reflete um crescimento recente nas demissões. Houve um acréscimo de 9.000 nos pedidos, alcançando um total de 221.000 na semana que terminou em 30 de março. Esse número superou as expectativas medianas de um levantamento da Bloomberg com economistas, que projetavam 214.000 pedidos.
Os números relacionados ao emprego recebem atenção especial dos investidores, que simultaneamente observam declarações de membros do Federal Reserve (Fed) para antecipar possíveis mudanças nas taxas de juros dos Estados Unidos. Declarações que indicam uma preferência por manter ou aumentar as taxas de juros afetaram negativamente o ânimo dos investidores. Raphael Bostic, presidente do Fed de Atlanta, expressou na quarta-feira (3) que só vê possibilidade de redução das taxas de juros no último trimestre do ano. Neel Kashkari, presidente do Federal Reserve Bank de Minneapolis, mencionou na quinta-feira (4) que cortes nas taxas podem não ser necessários em 2023 se o combate à inflação não avançar, sobretudo se a economia continuar sólida. Ellen Zentner, economista-chefe para os EUA da Morgan Stanley, apresentou uma visão mais otimista em uma entrevista à Bloomberg TV. Ela acredita que o Fed está se encaminhando para baixar as taxas de juros já em junho, destacando que um corte em maio ainda parece improvável devido às altas exigências para uma ação tão rápida. No entanto, ela prevê que o Fed estará pronto para agir em junho. O Morgan Stanley antecipa quatro reduções nas taxas de juros para este ano, uma estimativa superior às três reduções previstas pelo próprio Fed em março. A instituição espera que os cortes se intensifiquem no último trimestre, projetando uma queda mais rápida da inflação do que o previsto pelo Fed.
A próxima reunião do Fed para decidir sobre a política monetária está agendada para os dias 30 de abril e 1º de maio.
Os dados recentes sobre a criação de empregos nos Estados Unidos, que superaram as expectativas em março, destacam a resiliência do mercado de trabalho apesar das pressões inflacionárias e das elevadas taxas de juros. Essa força é evidenciada pelo crescimento substancial de vagas em setores-chave como saúde, construção e serviços públicos, assim como por um aumento salarial moderado. No entanto, o ambiente econômico permanece tenso, como refletido pelo aumento nos pedidos de auxílio-desemprego e pelas expectativas cautelosas quanto às futuras decisões de política monetária do Fed. As opiniões divergentes entre os membros do Fed e os analistas sobre o timing e a necessidade de ajustes nas taxas de juros refletem a complexidade dos desafios econômicos atuais, incluindo a gestão da inflação e a sustentação do crescimento econômico. A perspectiva de futuras políticas monetárias será crucial para manter a estabilidade econômica e o crescimento. Com a próxima reunião de política monetária agendada para o final de abril e início de maio, investidores e analistas estarão atentos a sinais que possam indicar a direção das futuras ações do Fed. A capacidade do mercado de trabalho de manter sua força, juntamente com o manejo cuidadoso da política monetária, será fundamental para assegurar a continuidade da recuperação econômica em um ambiente de incertezas globais.
Fonte: Bloomberg línea / Bureau of Labor Statistics.