Núcleo da inflação do PCE aumentou 4,4% em relação ao ano anterior.
A inflação global dos Estados Unidos (EUA) subiu 0,1% em dezembro e 5% em relação ao ano anterior. O número, que inclui os componentes voláteis de alimentos e energia, foi a menor taxa anual desde setembro de 2021. Os dados são do PCE, medida de inflação dos EUA divulgada hoje pelo Departamento de Comércio e utilizada pelo Federal Reserve - que deve decidir se aumenta os juros na semana que vem.
Os dados também mostraram os gastos do consumidor, que impulsionam mais de dois terços de toda a atividade econômica dos EUA, diminuindo: o indicador caiu 0,3%.
Os gastos de consumo pessoal, excluindo alimentos e energia, aumentaram 4,4% em relação ao ano anterior - menos do que a leitura de 4,7% de novembro e em linha com a estimativa da Dow Jones. Foi a menor taxa de crescimento anual desde outubro de 2021 - ou seja, a inflação norte-americana dá sinais de que está cedendo.
Mas a economia parece estar desacelerando também, com os consumidores norte-americanos gastando menos em dezembro, o que contribui com as expectativas de uma recessão se aproximando em 2023.
Já os gastos ajustados pela inflação caíram 0,2% no mês, além da queda de 0,1% esperada em Wall Street, enquanto a renda pessoal aumentou 0,2% no mês.
E agora?
Somado a outros dados econômicos divulgados recentemente, o PCE demonstra que a inflação persiste, mas em um ritmo mais lento do que o que fez o Fed subir juros durante 2022 para frear a maior inflação vista em 40 anos no país. Em um esforço para reduzi-la, o banco central elevou sua taxa básica de juros de quase zero em março para uma faixa-alvo que agora fica entre 4,25% e 4,5%.
"A queda geral nos gastos do consumidor não foi dramática e, ao mesmo tempo, a renda aumentou e a inflação caiu", disse Robert Frick, economista corporativo da Navy Federal Credit Union, em análise do portal especializado CNBC. "Especialmente se a inflação continuar caindo a um ritmo constante, os americanos devem começar a sentir algum alívio financeiro este ano", afirmou.
O Fed acompanha de perto o núcleo do PCE, pois a medida reflete a mudança no comportamento do consumidor - como substituições de produtos devido aos preços - e não leva em conta os preços voláteis de alimentos e energia.
O relatório de hoje, segundo a reportagem do CNBC, mostra a mudança das pressões inflacionárias de bens para serviços - setor em que a atividade econômica dos EUA é tradicionalmente focada. Em uma base anual, a inflação de bens subiu 4,6%, abaixo dos 6,1% de novembro, enquanto a inflação de serviços se manteve estável em 5,2%.
Com isso, os mercados esperam outro aumento de um quarto de ponto percentual na próxima reunião de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) - com resultado em 1º de fevereiro -, seguido de outro aumento semelhante em março - chegando a uma faixa de 4,75% e 5% p.p.
Os movimentos seriam uma pausa para avaliar o impacto da série de altas agressivas sobre a economia norte-americana, realizadas com o intuito de esfriar o mercado de trabalho e reduzir os desequilíbrios entre oferta e demanda que resultaram no aumento da inflação.