Um CEO chegou a dizer que um novo governo Bolsonaro significaria "continuidade dessa zorra fiscal".
Após o teto de gastos começar a ser desmontado, gestores de capital não têm poupado críticas a Jair Bolsonaro. O descontentamento da equipe da Verde Asset com o presidente do Brasil foi explícito em um relatório intitulado "Terraplanismo econômico".
A reeleição de Bolsonaro é vista por algumas casas como um risco maior do que a vitória de qualquer outro candidato, segundo reportagem do Valor Econômico. O temor é que com ela venha a desvalorização do real e das ações, além de uma alta de juros de longo prazo.
O desejo de muitos é que um terceiro candidato quebre a polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Bolsonaro. Mas segundo a reportagem, profissionais do setor têm observado que isso será inviável se Lula conseguir se aliar ao ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
O CEO e CIO da Verde Asset, Luis Stuhlberger, reconhecido como um dos mais competentes do país, já comentou ter se arrependido de votar em Bolsonaro nas eleições de 2018.
A primeira carta deste ano aos investidores de seu fundo, com os resultados de janeiro, mostrou mais do que apenas um arrependimento. Segundo o Valor Econômico, ele vem de dois anos ruins: em 2020, ganhou 3,94%, sem bater o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) e, em 2021, a cota desvalorizou 1,13% - o segundo resultado negativo da história do fundo.
Daniel Leichsenring, economista-chefe da Verde, foi mais explícito: acusou o governo de recorrer a um populismo barato neste último ano, que para ele lembra "as piores práticas do governo petista" segundo o site Valor Econômico.
O relatório da Verde afirmou que houve "ação deliberada de atrasar a vacina" e "meteoro dos precatórios", que considerou a destruição completa da credibilidade da Lei de Responsabilidade Fiscal. O documento aponta ainda que o governo de Bolsonaro acomodou gastos com o fundo eleitoral e emendas parlamentares "sob a esfarrapada desculpa de atender aos pobres com o Auxilio Brasil".
"Hoje um novo governo Bolsonaro significaria a continuidade dessa zorra fiscal e com chance de piorar porque está agarrado ao poder, já se sabe o que é do jeito que tocou a pandemia e a economia", disse o CEO de uma asset especializada em ações para o Valor Econômico.
Por outro lado, caso haja um novo governo petista, ele acredita que deva ser mais parecido com o período de 2002 a 2010, ao invés do governo de Dilma Rousseff e Guido Mantega.
Para esse interlocutor do mercado, uma chapa de Lula e Alckmin seria difícil combater, pois apela para o centro, minimizando as chances de um terceiro candidato.
O Gestor acredita que o estrangeiro continuará recorrendo ao Brasil devido a estratégia de mercados emergentes versus Estados Unidos. "Chegou a um nível exagerado (de descontos). Talvez não venha com o mesmo apetite, mas câmbio (desvalorizado) mais (alta de) commodities dão (um valuation) barato", afirmou na entrevista.
A equipe de estratégia do Bank of America na América Latina aumentou a indicação do Brasil para overweight, que significa acima da média do mercado. "Baseamos a nossa opinião no fato de que o Brasil tem potencial de crescimento de lucros para este ano, avaliações relativamente atraentes e um viés de valor" afirmou o relatório.
E você, concorda com os gestores ou prefere uma continuação do governo Bolsonaro? Conte para a gente nos comentários!