A segunda alta de 0,75 p.p. consecutiva busca combater a inflação nos EUA.
O banco central norte-americano, Federal Reserve (Fed), divulgou nesta quarta-feira (27) o segundo aumento consecutivo de 0,75 ponto percentual na taxa de juros dos Estados Unidos (EUA), em busca de conter a maior inflação em 40 anos sem criar uma recessão.
O aumento leva a taxa de juros ao seu nível mais alto desde dezembro de 2018. A taxa de empréstimo overnight de referência foi para um intervalo de 2,25%-2,5%, no movimento mais rigoroso desde o início dos anos 1990.
A taxa de fundos federais afeta tanto os empréstimos de curto prazo entre bancos, quanto produtos de consumo como hipotecas ajustáveis, financiamentos de automóveis e cartões de crédito.
Os mercados esperavam o movimento de alta de 0,75 p.p. após autoridades do Fed afirmarem o aumento em uma série de declarações desde a reunião do Comitê de Mercado Aberto do Fed (FOMC) realizada em junho. Os banqueiros centrais enfatizaram a importância de reduzir a inflação, mesmo que isso significasse desacelerar a economia.
Em sua declaração pós-reunião, o FOMC alertou que "os indicadores recentes de gastos e produção suavizaram, no entanto, os ganhos de emprego foram robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego permaneceu baixa", acrescentou o comitê.
As autoridades novamente descreveram a inflação como "elevada" e atribuíram a situação a problemas na cadeia de suprimentos e preços mais altos de alimentos e energia, juntamente com "pressões de preços mais amplas".
O aumento dos juros foi aprovado por unanimidade, em meio à maior inflação da economia norte-americana em 41 anos: 9,1% ao ano. O Fed visa uma inflação em torno de 2%, mas seus esforços para reduzir a inflação não são isentos de riscos.
Recessão à vista?
A economia dos EUA está à beira de uma recessão na medida em que a inflação diminui as compras dos consumidores e prejudica a atividade empresarial.
O PIB do primeiro trimestre do país caiu 1,6% ao ano, e os mercados estavam se preparando para uma leitura no segundo trimestre - a ser divulgada amanhã (28) que poderia mostrar uma segunda queda consecutivas, o que significaria recessão técnica. A estimativa do Dow Jones para a leitura de quinta-feira é de 0,3%.
Juntamente com os aumentos de taxas, o Fed está reduzindo desde junho seu balanço de ativos, que totalizava quase US$ 9 trilhões de dólares.
O balanço patrimonial caiu apenas US$ 16 bilhões de dólares desde o início do movimento, embora o Fed tenha estabelecido um limite de até US$ 47,5 bilhões. O limite aumentará durante o verão norte-americano, devendo atingir US$ 95 bilhões de dólares por mês até setembro. O processo é conhecido nos mercados como "aperto quantitativo" - outro mecanismo que o Fed usa para impactar as condições financeiras.
Agora, os mercados esperam que o Fed eleve as taxas em pelo menos mais 0,5 p.p. em setembro.Segundo dados levantados pelo CME Group, há 53% de chance de o banco central ir ainda mais longe e realizar um terceiro aumento consecutivo de 0,75 p.p. em setembro.
Várias autoridades do Fed já disseram que esperavam aumentar os juros agressivamente até setembro, para então avaliar o impacto que os movimentos estavam tendo na inflação. Apesar dos aumentos de 1,5 p.p. entre março e junho, o índice de preços ao consumidor de junho foi o mais alto desde novembro de 1981 - com o índice de aluguel mais alto desde abril de 1986.
O banco central enfrentou críticas, tanto por ser muito lento para apertar os juros quando a inflação começou a acelerar em 2021, quanto por possivelmente ir longe demais e causar uma desaceleração econômica mais severa.
E você, o que acha do aumento de juros do Fed? Acredita que a maior economia do mundo entrará em recessão técnica? Conte para a gente!