Nova taxa de juros dos EUA passa para um intervalo entre 3% e 3,25%.
Nesta quarta-feira (21), o Federal Reserve (Fed) elevou as taxas de juros de referência da economia norte-americana em mais 0,75%, indicando que deve continuar a subir para além do nível atual, até que o nível dos fundos atinja uma "taxa terminal" de 4,6%, em 2023.
Em busca pela redução da inflação que assola os Estados Unidos (EUA) nos níveis mais altos desde a década de 1980, o banco central do país elevou sua taxa juros para uma faixa de 3% a 3,25% - a mais alta desde o início de 2008. É o quito aumento do ano e o terceiro consecutivo com o percentual de 0,75%.
Os aumentos na taxas de juros norte-americanas começaram em março, de um ponto próximo de zero; assim, esse é o aperto mais agressivo do Fed desde que começou a usar a taxa de juros overnight como sua principal ferramenta de política monetária, em 1990. A única comparação possível, segundo o site CNBC, é com 1994, quando o Fed elevou a taxa de juros a um total de 2,25 pontos percentuais - cuja baixa só veio no ano seguinte.
O "ponto gráfico" das expectativas dos membros individuais do Fed, desta vez, não aponta para cortes nas taxas até 2024. O presidente do Fed, Jerome Powell, bem como seus colegas, enfatizaram nas últimas semanas a improbabilidade de que cortes nas taxas aconteçam em 2023.
Reflexos da decisão na economia norte-americana
Os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) indicaram esperar que os aumentos das taxas tenham consequências visíveis; a taxa de juros influi nas taxas que os bancos cobram uns dos outros por empréstimos noturnos, mas também nas dívidas dos consumidores - como empréstimos imobiliários, cartões de crédito e financiamento de automóveis.
Em suas atualizações trimestrais, o Fomc espera que a taxa de desemprego aumente para 4,4% no próximo ano, ante aos atuais 3,7%. Como relembrou o CNBC, no entanto, aumentos dessa magnitude geralmente são acompanhados por recessões.
A previsão do comitê era a de que o PIB dos EUA desacelerasse para 0,2% em 2022, aumentando ligeiramente nos anos seguintes, para uma taxa de longo prazo de apenas 1,8%. A previsão foi revisada para 1,7% em junho e vem após dois trimestres consecutivos de crescimento negativo - uma definição comumente aceita de recessão.
O Fed também espera que a inflação global caia para 5,4% este ano; em agosto, era de 6,3%. O resumo das projeções econômicas vê a inflação caindo para a meta de 2% do banco central até 2025.
A declaração após a reunião observou que "os indicadores recentes apontam para um crescimento modesto nos gastos e na produção". O documento recebeu aprovação unânime dos participantes do Fomc.
O documento continuou a descrever os ganhos de emprego norte-americanos como "robustos" e observou que "a inflação permanece elevada", portanto, "os aumentos contínuos na taxa-alvo serão apropriados".
O gráfico indicou até três cortes nas taxas em 2024 e mais quatro em 2025, para reduzir a taxa de fundos de longo prazo para uma perspectiva mediana de 2,9%.
Agora os mercados se preparam para um Fed mais agressivo.
Juntamente com os aumentos das taxas, o Fed vem reduzindo a quantidade de títulos que acumulou ao longo dos anos em seu balanço. Setembro marcou o início do "aperto quantitativo" em velocidade máxima, como é conhecido nos mercados, com até US$ 95 bilhões de dólares por mês em rendimentos de títulos vencidos sendo autorizados a sair do balanço de US$ 8,9 trilhões do Federal Reserve.