Por Redação em Segunda, 13 Março 2023
Categoria: Economia

Entenda o que está acontecendo com os bancos norte-americanos

SVB e Signature vão à falência e criam temor por sistema bancário dos EUA; Biden tenta tranquilizar enquanto Charles Schwab caminha para "o pior dia de sua história". 

Uma conjunção de fatores culminou na quebra do Silicon Valley Bank (SVB) na última sexta-feira (10). O SVB é um banco não muito conhecido fora da área de tecnologia, porém 16ª maior instituição financeira dos Estados Unidos (EUA) e financiadora da maioria das startups da região que é berço da inovação global (presente até no nome da instituição). A quebra foi considerada a maior de um banco dos Estados Unidos (EUA) após o Washington Mutual, em 2008, mas não ocorreu sozinha. O Signature, banco sediado em Nova Iorque e 73º melhor da lista da Forbes, foi fechado por reguladores (Federal Deposit Insurance Corporation - FDIC) no domingo (12) e se tornou a terceira maior falência da história dos Estados Unidos.

Por que o Silicon Valley Bank e o Signature quebraram?

A quebra do SVB se deve, segundo pessoas experientes do mercado, a uma corrida por saques na instituição após o fato relevante de que o banco havia liquidado posições em fundos federais com prejuízo. A informação caiu como uma bomba no mercado e culminou na intervenção dos reguladores federais.

No caso do Signature, o problema envolve as perdas com a queda das criptomoedas no ano passado. Em setembro de 2022, quase 25% dos depósitos do banco vinham do setor. Só a corretora de criptomoedas Coinbase afirma possuir saldo de US$ 240 milhões de dólares no Signature Bank que deseja recuperar.

O que ocorreu revela que uma conjunção de fatores - inflação alta, conjuntura do mercado de trabalho, crise nas cadeias produtivas -, que culmina na política de alta de juros do Federal Reserve (Fed) começa a fazer vítimas.

E o dinheiro dos investidores?

A interferência do FDIC, que passou a administrar as finanças do Silicon Valley Bank e do Signature, deve garantir que os correntistas recuperem seus valores depositados nas instituições. Em comunicado conjunto com o Departamento do Tesouro dos EUA, as instituições afirmaram que todos os clientes com dinheiro no Signature Bank e no SVB serão assegurados e não serão afetados por qualquer perda.

HSBC compra braço britânico do SVB por uma libra

Uma bagatela? Nesta segunda-feira (13), o banco HSBC anunciou a compra do braço britânico do SVB pelo valor simbólico de uma libra. Em situações assim, para que o comando seja transferido é necessária uma compra formal, por isso o valor mínimo foi utilizado - para consumar legalmente a transação.

Em comunicado, o HSBC afirmou que o SVB UK tinha empréstimos de cerca de 5,5 bilhões de libras e depósitos no valor aproximado de 6,7 bilhões em 10 de março. O Tesouro britânico afirmou, em comunicado à parte, que clientes do braço britânico do SVB terão acesso normal aos serviços bancários e depósitos.

E o que as autoridades dizem?

O presidente dos Estados Unidos se pronunciou nesta manhã (13) e elogiou o trabalho dos reguladores, que assumiram rapidamente o controle dos bancos, e do Tesouro. Joe Biden afirmou que os cidadãos americanos "podem confiar na segurança do sistema bancário". O presidente deixou claro que o comando do banco será demitido.

Janet Yellen, secretária do Tesouro americano, afirmou, ainda no domingo (12), que não havia risco de contágio nas operações de outros bancos e que a situação é diferente da crise de 2007-2008.

Yellen afirmou que o sistema bancário americano "é realmente seguro e bem capitalizado. É resiliente".

E a repercussão nos mercados?

As ações do banco First Republic despencaram 60% nesta manhã (13), e a multinacional de serviços financeiros Charles Schwab caminha, segundo o site especializado CNBC, para "o pior dia de sua história" - e a corporação tem mais de 50 anos. Outros bancos também despencaram e chegaram a ter negociação interrompida hoje em Wall Street.

O Federal Reserve logo criou um novo programa de financiamento bancário a prazo de US$ 25 bilhões de dólares para oferecer empréstimos de até um ano aos bancos, em troca de garantias de alta qualidade - como títulos do Tesouro.

Quais as implicações das quebras no Brasil?

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, participou de evento sobre a reforma tributária nesta manhã, e, sobre o tema, afirmou não esperar "uma crise sistêmica", embora acredite que o episódio possa impactar nos rumos da política monetária em diversos países.

O ministro afirmou que vai aguardar se as autoridades monetárias do Brasil vão precisar tomar alguma providência "em virtude dos efeitos sobre as economias periféricas", mas acredita que o sistema bancário brasileiro é "muito robusto".

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