A tendência é a de que as moedas de países emergentes percam valor enquanto o dólar sobe.
Na quarta-feira (13), a inflação dos Estados Unidos (EUA) foi divulgada e chegou a 9,1%, renovando a maior alta de preços ao consumidor norte-americano em mais de 40 anos. O resultado não afeta somente os EUA, mas também outros países, como o Brasil.
Com a inflação dos EUA em alta, a tendência é a de que moedas de países emergentes, como o real, percam o seu valor enquanto o dólar sobe. Além disso, também existe o risco de uma retração das economias globais, que podem prejudicar o comércio exterior.
Após o resultado norte-americano, o Federal Reserve (Fed) - equivalente ao banco central brasileiro - será forçado a aumentar os juros no país. No mês passado, a instituição já elevou em 0,75% a taxa básica de juros, seu maior aumento desde 1994.
É comum que em meio à alta de preços dos EUA, os investidores internacionais deixem de aplicar seus recursos em países emergentes para focar no mercado norte-americano - especialmente em títulos do Tesouro. Por isso, segundo especialistas, é muito provável que as bolsas de valores ao redor do mundo entrem em queda e o dólar se valorize em detrimento de moedas de países emergentes.
Inflação nos EUA
Apesar do início do movimento de alta de juros em março, a inflação dos EUA continua persistente. Os incentivos econômicos concedidos durante a pandemia de covid-19, as paralisações nas cadeias produtivas devido às restrições do período e a guerra no Leste Europeu impactaram a distribuição de produtos nos EUA.
Mesmo com a melhora na economia, com aumento de empregos e queda no preço das commodities nos últimos meses, os preços continuam subindo por lá.
"Está longe de ser o que o Fed gostaria de ver, de uma inflação convergindo para a meta. O resultado é a 'cereja do bolo' para um novo aumento de 0,75 pontos percentuais nos juros do país", disse Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos, para o portal G1.
Como isso afeta o Brasil?
Normalmente, a valorização da moeda norte-americana faz com que os preços de combustível, energia, alimento e logística aumentem no país, já que esses produtos são considerados os "vilões" da alta de preços.
Os produtores de alimentos priorizam a exportação neste período, com o dólar valorizado gerando mais lucro. Assim, a oferta interna diminui e os preços aumentam.
Quanto ao preço dos combustíveis, como o barril de petróleo é cotado na moeda norte-americana, ele tende a ficar mais caro, enquanto o real fica mais fraco. Após a política de paridade de preços internacionais (PPI) ser implementada pela Petrobras, em 2016, o mercado brasileiro tenta igualar o preço da gasolina com o preço internacional. Portanto, o motivo dos reajustes é a oscilação entre o preço do petróleo e o do câmbio.
Caso ocorra mesmo uma recessão nos EUA, a economia brasileira também deve sentir os efeitos, já que as trocas comerciais serão reduzidas nesse cenário, com a arrecadação federal e os investimentos das empresas exportadoras também prejudicados, enfraquecendo mais o real.
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