Mercado mantém foco na taxa básica de juros, enquanto produção industrial mostra retração e paralisação do governo dos EUA segue afetando indicadores
O dólar abriu esta terça-feira (4) em alta, refletindo a cautela dos investidores diante da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Por volta das 9h15, a moeda americana subia 0,59%, cotada a R$ 5,3881. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, inicia as negociações às 10h.
Na véspera, o Ibovespa avançou 0,61%, encerrando aos 150.454 pontos, enquanto o dólar recuou 0,42%, a R$ 5,3574. A atenção do mercado está voltada à reunião do Copom, que começa nesta terça e termina amanhã (5), quando será anunciada a nova taxa Selic. A expectativa predominante é de manutenção dos juros em 15% ao ano.
Segundo o analista Alison Correia, cofundador da Dom Investimentos, o foco estará no discurso que acompanhará a decisão. "Mais importante do que a taxa em si será o tom do comunicado, que pode indicar quando o Banco Central começará a discutir cortes nos juros", afirmou. Correia destaca ainda que declarações do presidente da instituição, Gabriel Galípolo, e de outros diretores serão determinantes para medir a postura da autoridade monetária.
Produção industrial registra queda em setembroDados divulgados nesta manhã pelo IBGE mostram que a produção industrial brasileira caiu 0,4% em setembro, comparada a agosto, revertendo parte do avanço de 0,7% no mês anterior.
Apesar da retração, o setor permanece 2,3% acima do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020), mas ainda 14,8% abaixo do recorde histórico de maio de 2011.
Na comparação anual, a indústria cresceu 2,0%, acumulando alta de 1,0% no ano e 1,5% em 12 meses, ritmo menor que o registrado nos meses anteriores.
Entre as 25 atividades pesquisadas, 12 apresentaram queda, com destaque para os segmentos farmacêutico (-9,7%), extrativo (-1,6%) e automobilístico (-3,5%). Já o grupo de alimentos (1,9%), fumo (19,5%) e madeira (5,5%) impulsionou o resultado positivo de outras 13 categorias.
O destaque anual foi o setor alimentício, que cresceu 7,1%, impulsionado por carnes, sucos e açúcar. Em contrapartida, o segmento de petróleo e biocombustíveis recuou 7,2%, afetado pela menor produção de etanol devido à priorização do açúcar nas usinas.
Paralisação nos EUA atinge 34º dia e amplia incertezasNos Estados Unidos, o governo segue paralisado há 34 dias, o que já configura uma das maiores interrupções da história. O impasse entre democratas e republicanos sobre o orçamento mantém suspensas várias atividades federais, afetando programas sociais e o pagamento de servidores.
A falta de dados oficiais, como o relatório de emprego (payroll) e os índices de inflação, tem deixado os investidores sem referências sobre os próximos passos do Federal Reserve.
Em entrevista à CBS, o presidente Donald Trump afirmou que não cederá à pressão dos democratas e que só retomará as negociações após a reabertura do governo. Ele também sugeriu eliminar a regra do filibuster no Senado para aprovar o orçamento por maioria simples, proposta que enfrenta resistência dentro do próprio partido.
Enquanto isso, milhões de americanos permanecem sem acesso a benefícios como assistência alimentar, e o Senado deve se reunir ainda hoje sem previsão de acordo.
Bolsas internacionaisOs mercados globais operaram com desempenho misto nesta segunda-feira (3).
Nos Estados Unidos, os índices fecharam sem direção única: o S&P 500 subiu 0,17%, aos 6.852,04 pontos; o Nasdaq avançou 0,46%, aos 23.834,72; e o Dow Jones caiu 0,47%, para 47.337,32.
Na Europa, o sentimento foi de cautela antes das decisões de política monetária e dos balanços corporativos. O STOXX 600 fechou praticamente estável (+0,02%), o DAX alemão avançou 0,73%, enquanto o FTSE 100 britânico e o CAC 40 francês recuaram 0,16% e 0,14%, respectivamente.
Na Ásia, os mercados encerraram em alta após o acordo comercial entre China e Estados Unidos, que prevê redução de tarifas e liberação das exportações chinesas de minerais raros. O SSEC de Xangai subiu 0,55%, o CSI300 0,27%, o Hang Seng 0,97%, e o Kospi da Coreia do Sul 2,78%. O índice Nikkei, do Japão, não operou no dia.
Com informações de Reuters