A expectativa para a taxa de juros básica da economia brasileira ficou estável, em 12,00%, para este ano.
Considerando apenas as 49 respostas dos últimos cinco dias úteis, a mediana para o fim de 2023 também continuou em 12,00%. Para o fim de 2024, seguiu em 9,50%, com 48 atualizações na última semana.
Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de junho, o BC expôs que a maioria do colegiado já vê condições para uma queda de juros na próxima reunião, em agosto, se o processo desinflacionário e de reancoragem de expectativas continuar.
Em entrevista coletiva após o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que o comunicado, na avaliação do colegiado, já tinha deixado essa "porta aberta", apesar de o texto não ter trazido sinalização clara sobre o assunto.
O boletim ainda mostrou que a projeção para a Selic no fim de 2025 continuou em 9,00%, mesma mediana de quatro semanas atrás. Já a projeção para a Selic no fim de 2026 passou de 8,63% para 8,75%, mesmo patamar de um mês antes.
IPCA
Já a expectativa inflacionária para este ano, voltou a cair, no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 10, mas as projeções em prazos mais longos que tiveram recuo significativo na semana passada ficaram estáveis dessa vez.
Para este ano, a expectativa para o IPCA índice de inflação oficial - na Focus caiu de 4,98% para 4,95%. Um mês antes, a mediana era de 5,42%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção continuou em 3,92%. Há um mês, era de 4,04%.
Considerando somente as 60 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 variou de 4,92% para 4,90% Para 2024, por sua vez, a projeção de alta caiu de 3,90% para 3,83%, considerando também 60 atualizações no período.
Nos horizontes mais longos, a mediana para o IPCA de 2025 seguiu em 3,60%. Da mesma forma, houve manutenção na estimativa para 2026, de 3,50%. Há um mês, as projeções eram de 3,90% e 3,88%, respectivamente.
No fim de junho, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou a meta inflacionária de 2026 em 3,0%, com intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%, assim como nos anos de 2024 e 2025. Para 2023, o alvo central é de 3,25%, com piso de 1,75% e teto de 4,75%.
Com a manutenção do patamar de 3,0%, se encerrou a dúvida que trazia ansiedade ao mercado financeiro desde o início do ano, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levantou questionamentos sobre se esse nível seria adequado à economia brasileira. A incerteza sobre o tema era apontada pelo Banco Central como principal fator a explicar a desancoragem das expectativas de inflação em prazos longos, como 2025 e 2026.
As projeções do Boletim Focus continuam acima da meta. Para 2023, a mediana ainda indica estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022. Nos outros anos, as expectativas estão dentro do intervalo, mas superam o alvo central de 3,0%. Atualmente, as projeções do BC para o IPCA são de 5,0% em 2023, 3,4% em 2024 e 3,1% em 2025.
Dólar
O cenário esperado para o câmbio brasileiro em 2023 também ficou estável no Relatório de Mercado Focus desta semana, enquanto a perspectiva para a moeda em 2024 mostrou leve recuo. A estimativa para o câmbio este ano continuou em R$ 5,00, de R$ 5,10 há um mês. Para 2024, a mediana passou de R$ 5,08 para R$ 5,06, contra R$ 5,17 quatro semanas antes. A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
PIB
O Boletim trouxe manutenção na projeção de crescimento econômico para este ano. A mediana para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 seguiu em 2,19%, contra 1,84% há um mês. Considerando apenas as 33 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2023 oscilou de 2,19% para 2,18%.
Para 2024, o Relatório Focus também mostrou estabilidade na estimativa de crescimento do PIB, em 1,28%, ante 1,27% de um mês atrás. Considerando apenas as 31 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2024 teve forte recuo, de 1,34% para 1,20%.
Em relação a 2025, a mediana variou de 1,81% para 1,80%, mesmo porcentual de quatro semanas antes. O Boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para 2026, que recuou de 1,90% para 1,88%, contra 1,95% de um mês atrás.
No fim de maio, o Ministério da Fazenda aumentou sua projeção oficial para o PIB deste ano, de 1,61% para 1,91%. Mas o secretário de Política Econômica (SPE) da Fazenda, Guilherme Mello, disse ao Broadcast que o resultado pode ficar mais perto de 2,5%. No Banco Central, a estimativa atual é de 2,0%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho.
O Boletim Focus mostrou um cenário de estabilidade nas projeções para as contas públicas este ano na edição publicada hoje. A estimativa para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o Produto Interno Bruto em 2023 permaneceu em 60,60%, mesmo nível de um mês atrás.
Para o déficit primário em relação ao PIB este ano, a mediana variou de 1,02% para 1,00%, contra 1,05% um mês antes. O Ministério da Fazenda sustenta que deve entregar um resultado deficitário de 1,0% do PIB em 2023, ou menor. Já a estimativa para o déficit nominal este ano recuou de 7,74% para 7,70% do PIB, de 7,85% há um mês.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros
Para 2024, a estimativa para a dívida líquida também ficou estável, em 64,00%. Há quatro semanas, a expectativa era maior, de 64,40% do PIB. Já o déficit primário esperado para 2024 se manteve em 0,80%, longe da meta prevista pelo governo de resultado neutro (0% do PIB). O déficit nominal projetado na Focus permaneceu em 7,00% do PIB. Há um mês, os porcentuais eram de 0,70% e 7,00% do PIB, nessa ordem.