Seis maiores bancos do Brasil optaram por não alterar as taxas de juros ao consumidor
Apesar dos consecutivos cortes na taxa Selic, que agora está em 11,25% ao ano após cinco reduções iniciadas em agosto de 2023, os seis maiores bancos do Brasil optaram por não alterar as taxas de juros ao consumidor. Um exemplo disso é o juro do cheque especial, que permaneceu congelado em 7,96% ao mês em fevereiro, representando 150,56% ao ano - um nível constante desde fevereiro de 2021.
O Banco Central impôs um limite de 8% ao mês para os juros do cheque especial para pessoa física em 2019, que entrou em vigor em janeiro de 2020. No entanto, mesmo com essa regulamentação, a taxa média ainda permanece no limite superior em seis bancos, com a menor taxa registrada no Banco do Brasil, em 7,73% ao mês.
A estabilidade das taxas de juros ao consumidor é explicada pelo elevado patamar de inadimplência em linhas de crédito de maior risco, como o cheque especial e empréstimos pessoais. Os bancos estariam, assim, compensando o risco com a redução do custo de captação, a Selic.
Dados do Banco Central mostram que entre 2020 e 2022, a captação representou a maior fatia do custo do crédito (32,7%), seguida pela inadimplência (19,7%). Isso evidencia a influência significativa da inadimplência nas taxas de juros, especialmente em linhas de crédito sem garantias reais.
O ciclo de queda dos juros nas linhas de crédito de maior risco geralmente não acompanha de perto o movimento da taxa Selic. Enquanto isso, nos financiamentos com garantias reais, como crédito imobiliário ou de veículos, a relação é mais direta e linear, já que o risco de calote é coberto pelo confisco do bem na análise da economista Marcela Kawauti, da gestora de recursos Lifetime Asset